Imagine que você está no trabalho e todos da sua equipe, desde o chefe até os seus pares, levam uma folha de papel sulfite para casa todos os dias, menos você!
Dias se passam e todos percebem que você é o único a não se apropriar da tal folha. Você se sustenta na ideia de não ser ético se apropriar do que é público e, mesmo notando que os outros te achem estranho por isso, você mantém-se firme na crença de agir de acordo com que é correto.
Entretanto, o tempo passa e a cada dia você vai sendo mais excluído pela equipe.
Seu chefe não te dá mais atenção, não te orienta, faz questão de demonstrar que você não existe.
Seus colegas de trabalho deixam de falar com você, tornam-se indiferentes, fazem questão de silenciar os diálogos na sua presença, deixando bem claro que você não é bem-vindo.
Não há como sentir-se bem com tudo isso!
Mesmo sabendo que você agiu de forma correta, passa a sofrer simplesmente por ter sido ético. Porém, no grupo o fato de não levar a folha para casa como todos fazem, é encarado como uma violação. As pessoas fazem você se sentir mal por ser correto.
Aqui citei como exemplo uma folha de papel, poderia ser o uso do telefone da empresa, o carro da repartição, os trocados do caixa, uma licitação ou um grande desvio. O fato é: você passa a sofrer por não corresponder aos valores do grupo onde está inserido. Se a partir disso você começa a se sentir impelido a levar a tal folha para casa simplesmente para pararem de te excluir, você se enquadra na “síndrome de aceitação”.
O desejo de aceitação está tão enraizado no comportamento humano que muitas vezes nem nos damos conta! Ninguém sai de casa com um abacaxi na cabeça. Porém, nada impediria e, com certeza muitos diriam: “se você sair assim, irão achar que você é louco! Ninguém usa isso na cabeça!”
Essa simples afirmação explica a razão de usarmos muitas coisas sem a mínima utilidade, simplesmente pela razão da maioria usar. Não somente roupas e acessórios, mas principalmente comportamentos.
O ser humano anseia ser aceito pelo grupo! Adota os mesmos valores. Chega ser capaz de se violentar se for necessário. Tudo isso para não sofrer a exclusão do grupo a que ele pertence.
As redes sociais se valem do termo “seguidores”, talvez para satisfazer certa megalomania de aceitação... de ser um “influenciador”... de ser alguém que é amado e imitado por todos!
Não sei se deixarei você triste com isso, mas você jamais será “bom” para todos!
Para uma boa parcela das pessoas, você será o vilão simplesmente por não aceitar um comportamento da maioria.
Os valores são sempre diversos e distintos, e nem sempre eles são condizentes com o que seria “bom” para a humanidade! Então, tenha medo das escolhas da maioria!
Se pessoas como Demócrito, Sócrates, Giordano Bruno, Galileu, Da Vinci, Miguel Angêlo, Joanna D’arc, Monet, Gandhi, Morihei Ueshiba, e tantos outros se rendessem ao que desejaram a maioria, eles não causariam uma nova visão sobre o que venha ser o “Bem” a humanidade.
De algum modo, eles não foram “bons” para “todos” os seus pares da época.
Se eles sofressem da “síndrome de aceitação”, a humanidade não teria o legado desses grandes mestres.
Então, se a maioria te diz para treinar Aikido de cara fechada, que você deve abandonar o tradicional, que tudo se resume a defesa pessoal e a mudança de faixa, então, encoraje-se a colocar seu abacaxi na cabeça e dar adeus a “síndrome de aceitação”.
Seja feliz com seus valores e não se corrompa por ninguém, pois honra é o que você sente estando correto e honraria é o que podem te oferecer mesmo você não estando!
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